Wilson Horvath
Quem são os monstros que encontramos em nosso cotidiano? Como eles pensam e agem? Como eles nos afetam? O que fazer?
Todos
nós temos falhas, uns mais outros menos, mas não somos somente um poço de
maldade, também temos qualidades, essas que se expressam de forma diferente em cada
pessoa. Assim, somos um composto de coisas boas e ruins.
Determinadas falhas ressaltam certas qualidades, como é o caso dos artistas que se alienam
das preocupações cotidianas para buscarem o Belo; e determinadas qualidades tornam
algumas falhas irrelevantes, um exemplo infeliz é o de uma mãe que enfrenta um
grupo armado de traficantes para salvar o seu filho do mundo das drogas.
Algumas
pessoas, porém, têm suas qualidades sufocadas por suas falhas ou os seus pontos
positivos ampliam de forma assustadora aquilo que lhe é negativo, tornando-as
verdadeiros monstros.
O
monstro não é uma pessoa sem qualidades, ao contrário, ele possui pontos
positivos e, em geral esses se destacam da maioria. Assim, ele pode ser um
excelente administrador; um professor com alto nível de conhecimento; um padre
ou pastor muito piedoso; um policial extremamente corajoso, entre outros.
E
eles podem se identificar tanto com uma ideologia política à direita como à
esquerda, pois o que o caracteriza não é a posição ideologia, mas o extremismo
que assume determinada postura e a forma violenta que ele se volta contra os
que pensam diferente.
O
monstro se apodera de uma ideia ou de um modelo de perfeição, o molda segundo
as suas convicções e depois essa ideia toma conta de seu criador de forma
soberana, fazendo-o cegar para toda a realidade que o circunda. Seu único objetivo
é reforçar e servir a essa ideia.
E
ele procura acreditar e fazer com que os outros acreditem ser ele a melhor
pessoa existente, pois ele serve àquela ideia de forma plena. Ele, porém, tem
uma autoestima muito baixa e no fundo ele se considera o pior dos seres
humanos.
E
para não conviver com esse espírito de inferioridade, ele se apega àquilo que
ele consegue fazer de melhor. Assim, por suas qualidades, ele busca, ao mesmo
tempo, controlar os outros e se impor sobre os demais e esconder as suas
falhas.
Ele
segue uma vida aparentemente normal, enquanto a realidade se movimenta segundo as
suas regras. O grande problema é quando algo sai de seu controle, o que
acontece com frequência. Por menor que seja o desvio, ele abala totalmente a
estrutura do monstro.
E,
ao se sentir ameaçado, há um desequilíbrio emocional, pois o pequeno mundo, que
ele construiu de acordo com os limites de seu pensamento, desaba e com ele a sua
poderosa mascara. Isso faz com que ele despeje naqueles que “desviaram” todo o
seu ódio e não há limites para a sua fúria, que vai desde a agressão verbal e
física ao assassinato.
O
monstro tende a tornar a vida de todos aqueles que estão a sua volta um
verdadeiro inferno. Ele é um especialista em menosprezar, humilhar, rebaixar o
outro. E o sofrimento que ele causa na vida das pessoas não lhe é percebido, e
se for, não lhe é importante. A única coisa que lhe importa é o cumprimento incondicional
de suas convicções.
Nada,
porém, é eterno e para sempre, inclusive a personalidade do monstro. Assim ele
pode mudar, mas isso lhe é muito difícil, porém não lhe é impossível.
Ele
somente pode mudar quando as pessoas que o circundam o abandonar. Ele não mudará por ter feito algo errado,
pois em sua cabeça, qualquer atrocidade cometida, por pior que seja, lhe é
correta.
O
que dá forças para ele continuar são os aplausos explícitos ou implícitos das
pessoas. Sem os bajuladores, ele pode rever as suas convicções. Porém as
pessoas tendem a admirá-lo por medo de suas represarias ou por fascinação, que é
o desejo de ser igual a ele.
Se
quisermos livrar desses monstros, precisamos distanciar o máximo possível
dessas pessoas, caso não, nós ficaremos reféns de seus caprichos e atrocidades,
que vez por outra se voltará contra nós, pois nunca cumpriremos plenamente suas
vontades.
Esse
é um grande desafio para nós! Por incrível que pareça em geral as pessoas gostam
de estarem atreladas a essas pessoas. Libertar-se delas é dar um salto de
qualidade em nossas vidas e também é um ato de misericórdia para com os
monstros.
"Libertar-se", caro Wilson
ResponderExcluirMinha opção é pelo "Libertar-se" dos monstros
ótimo texto, amigo, caiu como uma luva
Parabéns.